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A pobreza e a riqueza de um povo. Hasta Siempre! Tafi Del Valle 5.01.15

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Minha barba não para de crescer, a comodidade da vida estática começa a perder sentido e a viagem passa a nos tocar cada vez mais profundamente. Mais uma vez tenho a certeza de que viajar, aberto a mergulhar nas pessoas e na realidade de cada local, faz nosso mundo se abrir imensamente.

O padrão que estamos acostumados a ver no dia a dia e que se repete em todas as grandes cidades do mundo não existe em um pequeno vilarejo de artesãos ou em uma pequena casa no meio do deserto. Afinal, estar isolado significa o que? O mundo não é um só.  O mundo não é só São Paulo, Curitiba, Buenos Aires, Nova York ou Rio de Janeiro. O mundo do Miguel, artesão, é sua casa no sopé da montanha de Tafi del Valle; o mundo do pastor de ovelhas no deserto é a aridez e sua solidão social. Os caminhos são muitos mas só vem quem quer e só segue quem estiver a fim. Estar lutando pra sobreviver na loucura capitalista dos grandes centros, também pode significar isolamento. E o pior isolamento possível, o isolamento de si mesmo.

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A relação de pobreza e riqueza é facilmente questionada nessas horas. As pessoas que conhecemos aqui vivem com muito pouco. Suas casas são quase todas construídas da técnica de Adobe, que mistura terra, água e palha para fazer tijolo quase sem custo algum. A comida que comem vem, basicamente, de suas hortas e da troca de alimento entre as famílias. O artesanato garante um dinheiro a mais e a natureza e a simpleza das coisas torna as relações um tanto mais importantes. Eles acordam e tem as montanhas, o sol, as nuvens e uns aos outros pra se amar.

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Na primeira das famílias que conhecemos, depois de um oi rápido e um presente que dei pras crianças, um massageador de cabeça que tinha comprado em Buenos Aires pra dar um relax na viagem, fomos conduzidos para um tour por suas vidas. Foi nos ensinado a base da técnica de adobe, conhecemos sua casa e a família inteira. Joguei bola com as crianças.

Depois no caminho, ganhamos presentes e damos presentes, fomos convidados para passeios à cavalo pelo prazer da companhia e a troca de experiências. Nos foi apresentado um templo à Pacha Mama por um morador que faz trabalho com pedras e fomos convidados para uma prece a mãe terra.

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É incrível como a pequena distância de um capitalismo mais agressivo, transforma as pessoas duras em seres cada vez mais humanos. Da parte baixa e turística de Tafi para a parte alta e escondida são como duas cidades diferentes. Uma, onde por mais belas paisagens que tenha, o dinheiro parece ser (em uma leitura superficial) o princípio, meio e fim. Em outra,  o dinheiro é quase esquecido e o desejo de acolhimento é o começo, meio e fim.

Saí desse dia com menos bens materiais, que fui deixando no caminho, com alguns presentes… e muito, muito carinho e esperança no coração.

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Como ouvimos de um dos artesãos no sopé da montanha depois que toquei algumas canções pra ele e ele nos presenteou com uma oração para a Pacha Mama e seu trabalho em pedra:  HASTA TODOS LOS MOMIENTOS! HASTA SIEMPRE! Porque usted van estar siempre comigo ahora.

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